terça-feira, 21 de julho de 2020

Sobre comunicação

Sobre comunicação Enquanto abro a janela,aos meus ouvidos chega uma velha canção, que atravessa a pele,vento que move as cortinas, derruba os livros da estante,bate as portas da sala Faixo de luz em meio ao silêncio da tarde. Da fumaça que sobe, entre os ponteiros do relógio, emana uma forma, Peito que se abre´para o novo, Memórias recém construídas de saber e ser. Cantiga de fé e de esperança, Som de crianças brincando no quintal,risos que atravessam as paredes, tinta e pincel em paletas recém lavadas. Cores que se misturam no mover das mãos.Mãos que giram no ritmo do mundo. Vida que se quer comum, em dor e espera, redescobertas e silêncio, prece que se tece em comunhão. Porque há só um caminho, dizem os sábios,aqueles que corajosamente enfrentam a solidão de não saber:o caminhar da alma, tessitura de sonhos e poesia, dor e chão, pisado todos os dias na incerteza de ser gente. Diante do caos, como permanecer, como insistir, ante o não ser? Á nossa frente muros e verdades caem em igual velocidade e tudo que temos é o peito pesado das nossas mortes, constantes e diárias. Ao lado,aqui e ali, as memórias do que fomos, paralisia que toma nossas pernas, cala nossas vozes,enquanto insistimos em cantar em separado nossas velhas canções. Mas como ignorar o chamado que se faz urgente, em todos os cantos, dentro dos sonhos das crianças,da boca dos velhos aos olhos dos artistas? Apenas uma palavra e é tudo: Amor. Amor como benção, caminho que se faz só, solitude de quem enfrenta o silêncio da alma, ousando ser fé e esperança diante do nada. Existir que é ser nós, no coser dos dias, lugar que só se enxerga de mãos dadas, liberdade que se quer comunhão, renascimento na fragilidade de se expor ao eu,essência do ser junto. Porque todos somos um e somos pela instância breve de caminharmos na mesma canção, almas expostas, artesãos do ar que respiramos, entre magia e razão, ousando criar mundos sensíveis ao toque de nossas mãos. terra pisada em muitos pés, rio que corre para se tornar mar, metáforas que sobram para além das páginas escritas. Porque só no ser em comum haverá a cura, saber incondicional através dos deuses que compartilhamos em nossas rodas, nas vozes ancestrais que ousarmos ouvir,equilibristas de nossos corpos, girando em sintonia com o ritmo da terra, mente,corpo,espírito,água,terra,ar, fogo, nós feito de silêncio e sons, fé e vontade. Amor

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