quinta-feira, 5 de março de 2020

Enquanto isso

https://www.youtube.com/watch?v=gdqKLwjgaRI Enquanto o tráfego vai pouco a pouco normalizando o caos na chegada ao trabalho nas primeiras horas da manhã e os sons diferentes da cidade, carros, vozes, diferentes percursos e corpos criam as tramas que sustentam a vida e as primeiras mensagens do dia misturam rap, rock, tambor, forró, Rio de Janeiro e Nordeste e um pouco de céu rasga o cimento dos prédios e ilumina a retina para fazer entrar as nuvens cinzentas do verão. A porta do carro se abre e um fragmento de memória atravessa e se sobrepõe a todos os sons...Ali imagens de um percurso de muitos dias, infância, adolescência e dias atuais atravessam e vão me encontrar nesse meio caminho de tudo que a maturidade pode dar...Enquanto o tempo convida a conjugar outras formas de ser livre e acostumar aos fins e inícios de um ainda novo ano e ao interminável correr de folhas do calendário. Enquanto o corpo tenta retomar o costume de acorda todos os dias em um novo lugar e não render-se ao cansaço, ao sono e ao desespero, enquanto se tenta inventar uma nova canção, alguém no dial do táxi fala para abrir a mente para novas formas de ver (“open mind for a different view.. “) . Em meio às curvas do caminho de volta pra casa a voz fala sobre presença se sobrepondo à distância (“so close no matter how far... “) e abrir-se ao novo, resgatando o sentido e a liberdade de ser e sentir. Enquanto surgem, em meio à fumaça dos carros e motos, infinitos sentidos para existir e reexistir e abrir as mãos para deixar escorrer pelos dedos todos os medos que ainda persistem, fragmentos de memória que se misturam aos sons de um cotidiano que insiste em se reinventar, enquanto o peito arrisca bater cada vez mais rápido, as primeiras metáforas começam a preencher o correr dos dias e aos poucos os carros vão chegando a seus destino, enquanto um último acorde de guitarra me faz sorrir na cadencia do refrão.. "and nothing else matters.."

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