sexta-feira, 28 de julho de 2017

ponto de escuta

Quando eu entrei nessa terra de jornalistas me disseram que meu ofício era relatar um fato,tal e qual ele fosse,sem deixar que os sentimentos atrapalhassem minha fala.Quando me tornei pesquisadora (há quem diga que ainda não o sou) me disseram para me ater à metodologia, à observação distanciada dos fatos e raras e abençoadas foram as vozes (as quais me juntei),que me disseram que as emoções podiam sim,ser matéria de análise.Mas foi apenas quando me tornei ouvinte nessa terra de discursos e somei minhas lágrimas aos relatos alheios é que pude compreender com inteireza a potência de um relato,porque dele participei. Fiz-me solidária, posto que a emoção alheia também me tocou e fiz-me maior porque às minhas mãos somaram-se as mãos de muitos,tantos quantos foram aqueles que tocaram meu coração. Assim, se a ciência e a técnica dão suporte ao exercício de conhecer, a sensibilidade me trouxe a benção de poder compreender o outro,posto que dele eu também fazia parte,em igual dor e ocasional deslumbramento.Esse foi então o caminho que escolhi e nele junto meu canto a tantos outros que também sofrem e sonham e sentem,sem métodos ou distanciamento, mas desmedido afeto e e imponderável poesia.

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