terça-feira, 28 de junho de 2016

navegar é preciso

Diz-se da educação que é processo, aprendizado, discurso, metodologia. Em verdade digo que a educação, enquanto prática cotidiana, se assemelha muito ao ato de lançar-se ao mar, navegando no desconhecido. Antes, traça-se a rota,combina-se o trajeto,pensa-se na estratégia a ser executada. Antes de tudo,pensa-se o porto de destino. Trajetória escolhida, é hora de fazer as malas, juntar toda a força e coragem que tiver disponíveis,vestir as melhores roupas e sair do conforto do lar. Uma vez na sala de aula, ops, no mar, todas as nossas certezas, planos, estratégias,são postos à prova simultaneamente. Em alguns momentos tudo parece estar contra nós. Não conhecemos nossa tripulação, não temos pleno controle do navio, nem tão pouco sabemos como estará o tempo todos os dias. Em alguns momentos temos plena ciência de que o leme não está nas nossas mãos. Temos, ao longo do tempo, uma vaga ideia de nossos objetivos e mapeamentos prévios. Às vezes, só o que podemos fazer,quando nossa embarcação está em plena tempestade, é correr a tapar os buracos das balas de canhão que são lançadas continuamente, sem que consigamos saber de onde vieram ou porque tentam nos atingir. Os estragos que as balas fazem racham inúmeras vezes nosso casco, fazendo entrar água em toda a embarcação. Em alguns dias tudo o que queremos fazer é naufragar enquanto esperamos ventos favoráveis. Ao nosso redor o mar profundo e impenetrável do tempo, onde tentamos navegar, segue impávido,sem que consigamos provocar-lhe o mínimo retardo ou alteração. Em um dia qualquer, enquanto estivermos amarrados ao mastro esperando que a tempestade passe sentiremos no rosto o calor do sol e nos depararemos com nossa embarcação surpreendentemente ancorada no porto de destino.



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