quinta-feira, 23 de junho de 2016

Está na ordem do dia: nos ônibus, nas praças, nos consultórios,nas farmácias,na padaria,no jornaleiro.Nos programas diários,na conversa de elevador,nos relatos de domingo, no jornal, nas revistas,nas redes sociais.Não tem um lugar do mundo em que não se converse sobre emagrecimento e alimentação saudável.Sobre potencializar nossos corpos e mentes.As lojas de produtos ditos saudáveis pululam e a quantidade de gente que acumula histórias de sucesso só aumenta.Seria um momento de desapegarmos dessa acumulação ainda moderna/pós-moderna que nos fez consumir em excesso e adotarmos hábitos mais humanos, em um tempo mais nosso?Seria ótimo se, com essa onda de preocupação com saúde aceitássemos nossos corpos como são e buscássemos o equilíbrio.Só que não.Tentamos voar cada vez mais alto esculpindo nossos músculos, braços,pernas,barrigas, cabelos,rostos,nos esticando em máquinas, lasers, químicas, dobrando nossos esforços a cada dia.E aqui dentro continuamos insatisfeitos e infelizes..O que vai sobrar dessa nova onda de narcisismo,que parece ter nada a ver com o "cuidado de si"?de fato não estamos cuidando de nós mesmos.Estamos cuidando da imagem que queremos ter.Belos,fortes,bem sucedidos, os que não sentem dor,os que não se fragilizam,os que nunca param para contar os estragos...Os que não podem mostrar seus defeitos.Parece irônico que esse texto esteja no lugar do "show do eu",mas talvez seja o único espaço possível de diálogo(será?) em um mundo tão cheio de visibilidades e tão avesso ao essencial.

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