domingo, 10 de agosto de 2014

Crônica de dia dos pais ou porque eu amo os homens

Não é por ser uma feminista ferrenha,segundo muitos dos meus amigos, que não deixo de admitir minha admiração profunda pelos homens. Ao contrário. Sem entrar no mérito da questão, acho que ser feminista é bem isso mesmo,saber respeitar e ver a beleza do outro lado...
Mas o fato é que há certa poesia no masculino que me encanta desde sempre. Para começar, indo ao lugar comum, são verdadeiramente mais práticos do que nós costumamos ser, mais concisos, mais diretos e por vezes mais fraternais.Entretanto, o que realmente me apaixona é a forma de demonstrar afeto. Deve ser mesmo complexo deixar aflorar a afetividade quando infelizmente ainda(!!!) somos tão medievais quanto a gêneros em pleno século XXI.
E como os homens sabem ser maravilhosos quando se permitem se apaixonar, como podem ter paciência com relação a esse quase sempre hermético e extraterrestre universo que costuma ser o feminino.É por isso que poucas coisas me sensibilizam tanto quanto acompanhar as transformações que acontecem com os meninos, quando escolhem alguém para gostar e, sobretudo, quando se tornam pais. Parece então que se tornam seres insuportavelmente e permanentemente encantados com o dito objeto da paixão, mesmo que o cotidiano e o cansaço por vezes o afastem das crias. Se são meninas então, aí parece que o caso torna-se sério.
Nada mais belo do que acompanhá-los na ansiedade dos 9 meses de gestação,esperando por algo alheio a seu corpo,tentando compreender essa nova e eletrizante fase da grávida que antes então era uma mulher como outra qualquer. Convém então que aguardem o momento de serem finalmente pais e terem o supremo direito de carregar bolsas cor-de-rosa pelo shopping e participar de rituais que envolvem, em muitos casos, bonecas, esmaltes e maquiagem. (Sem que lhe tenha sido previamente explicada a função prática de nenhuma dessas coisas, diga-se de passagem.)
Talvez porque eu tenha sido criada por um sujeito tão especial quanto o meu pai, aprendi desde cedo a reconhecer a diferença entre o que hoje chamo moleques e meninos, na falta de termo melhor. Meninos são de qualquer idade, mas carregam dentro de si a sensibilidade e a coragem de encarar relacionamentos, laços,dores e até mesmo filhos....Se apaixonam,sofrem,perdem o sono,encantam-se e desencantam-se e quando tem filhos,desmancham-se em amor profundo pela produção realizada,ou seja,a cria.....
Vão à reuniões de escola, sabem dos programas preferidos,contam infinitamente as últimas tiradas, registram expressões e fases do crescimento em inúmeras fotos, babam-se de orgulho intimamente pela resposta malcriada da menina,aprendem a fazer tranças e pentear bonecas...Sabem que há fases em que algumas meninas são bailarinas e atrizes em potencial e se esforçam ao máximo para dar asas à fantasia de suas adoráveis princesas...Contam histórias e inventam desenhos para tentar ensinar seus bebês a se tornarem pessoas legais..Comovem-se quando veem outros bebês... Com ou sem filhos, arriscam-se.Amam. São caras muito especiais.
E os moleques?Ah, eles também podem namorar, casar e ter filhos, mas nunca irão crescer. Não se arriscam, porque criar laços é definitivamente um ato de coragem... Não ultrapassam a barreira criada por sua eterna zona de conforto. Seja qual for a idade, sempre parecerão deslocados, visto que não criam raízes.
Tive a sorte de ser criada por um cara especial. Não somente especial,o mais especial de todos,o meu pai.Que me contava histórias e me explicava de onde vinha a febre. Que, junto com minha mãe, formou inabaláveis ideias sobre respeito e ética.
Que me dava e me deu colo sempre,mesmo quando o tombo era iminente e o desastre era certo.Ele continuava ali, mesmo que fosse só para me dar coragem e às vezes, para recolher meus caquinhos na volta, depois que eu quebrava a cara..Mesmo que fosse para, preocupado com o fato de que eu me tornaria mãe aos 17,se esquecer de que ele se tornaria avô aos 45.É por isso que tenho pouca tolerância com moleques.Porque sei desde sempre,que meninos podem crescer e se tornar homens e serem caras legais,sendo pais e maridos ou não...E vibro ao ouvir histórias de meninos, às vezes ainda bem jovens, que se arriscam, se relacionam,sofrem e se apaixonam infinitamente,seja por meninas ou por meninos.. Aqui de onde estou, me comovo com os encontros, com os laços,com o amor,seja ele em qualquer forma ..Sei que, se tiverem filhos, entenderão que ser pai não é um ato meramente contratual. Exige entrega.É tarefa para fortes.É para esses meninos,sejam filhos ou pais,que desejo hoje,Feliz dia dos pais...

Nenhum comentário: