quinta-feira, 18 de abril de 2013

ainda o imponderável


Hoje o coração ficou pequeno
De súbito, todos os anos, palavras e sentimentos
voltaram à tona, por sobre a tampa de dor.
Vieram assim, risos e silêncios, numa proximidade única.
Os momentos de sol, as tardes cinzentas.
no compartilhar do sentido, na certeza de ser dois.
Sem querer, o pensamento vaga até o momento da separação.
E indaga, por mais que não queria, por quê?
Se havia tudo, se éramos tanto, por que o “não”?
Por que a mágoa e a raiva, onde antes a comunicação se fazia eterna?
Implacáveis, a dor e o silêncio pairando por sobre a poeira nas fotos,
que antes abrigava os contornos de ser cúmplice, de ser irmão?
Seguimos caminhos distintos e de onde posso ver, até somos felizes.
Mas quando volto minha cabeça, ainda enxergo
palavras que me consolam,
palavras que me preenchem,
Compreensão de pertencer a dois mundos
e saber o espaço exato do outro,
no exercício de dialogar
Acima de toda a magia, ficou o medo.
Acima de todo o amor, ficou a dúvida.
Acima de todo diálogo, ficou a raiva por não poder ser mais.
E éramos tanto.
Ficou a certeza de que muito antes de todo o silêncio,
Houve um primeiro momento em que a raiva falou mais alto, onde as palavras se fizeram ásperas
e o que era comum, virou estranhamento e desconfiança.
medo.
A partir dai, acabou-se o encanto de um afeto único,
a certeza do espelho ao alcance das mãos.
Onde estávamos quando quebramos nosso reflexo,
na raiva de sabermo-nos únicas, sozinhas,
perdidas em nossos pecados e nossas limitações?
Éramos tão fortes,
por que cedemos aos mesquinhos apelos da dúvida,
por que nos vimos como desapartadas do eu,
por que ignoramos o essencial, para além das palavras?
Queimamos nossas cartas,
preenchemos de "novos" nossas existências individuais.
E, na maior parte do tempo, nos sentimos demasiadamente mais leves.
Não poderia mesmo ser tarefa fácil,levar parte de si no outro,assim,ao descontrole.
Mas resta, por mais não queiramos, uma laço invisível no âmago do senão,
que não convida ao retorno, mas aponta para uma coexistência na distância.
Se não permanece com o mesmo estar próximo,
ao menos entende a infinitude do existir,
na curva do tempo,
onde reside o imponderável.

7 comentários:

Debora Restum disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Debora Restum disse...
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Debora Restum disse...
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Debora Restum disse...
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Debora Restum disse...
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Debora Restum disse...
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Debora Restum disse...

O não é a antecipação tola de um possível talvez, perdido pelos caminhos dos passos firmes e dos sorrisos largos...de um medo descabido na fragilidade de não se encarar pertencente, a imprevisível tarefa de se reinventar no cotidiano plural do nós.A vivencia se reduz a consciência de se perder pela multidão sem rosto, e a duvida
preenche os espaços com a sutileza de não se ousar transpor a realidade que insistentemente nos desafia a cada dia.Encerra na superfície a morada das respostas que poderiam retira-la do lugar sem movimento, sufocando a possibilidade de submergir por entre memorias, tempos paralelos e perspectivas longínquas uma nova realidade sensível.Esquece os símbolos vãos que nos levam aos mesmos lugares de sempre e reinventa-se na sutileza do sentir voz alem da mediação, movimento alem do corpo,vida alem da linguagem. Desnecessária aos que compartilham a difícil tarefa caótica de insistentemente buscar olhar.