Na esquina o homem caminha,apressado,diante da escuridão
Os jornais amontoam-se ali por perto, exclamações em letras garrafais
e a mulher no ponto de ônibus,com seu terço na mão.
As portas de ferro seguem fechadas,o padeiro amarra seu avental..
Na outra rua,vira o caminhão de leite,a floricultura enfileira as flores..
Um silêncio incômodo ainda perdura por sobre os esparsos sons da madrugada..
É preciso acordar,erguer-se de um salto e começar o dia.
Lá fora,as horas esperam ainda.
É preciso parar para pensar,só mais um pouco.
Há ainda um resto de choro,uma dor insensata,que resiste à imposição da realidade.
E os fragmentos de cotidiano a entrar pela janela ante os olhos fechados.
Dor.
A palavra que explica o porquê ainda não foi escrita nos jornais e jamais será.
O jornalista fecha sua matéria sem encontrar a foto perfeita
O médico senta-se no corredor frio e chora silenciosamente.
Mães e pais seguem acordados,olhando seus filhos enquanto dormem.
Na esquina o velho senhor separa as peças de dama mas não espera os amigos,eles não virão.
A mulher abre seu armário e busca uma foto .
Nela a menina sorri.A mulher chora.
No intervalo do silêncio,os raios de sol penetram a casa ,iluminam a rua,homens e mulheres sentam-se lentamente em suas camas.
Tudo ainda parece aguardar.
Súbito,no fim da rua,mãos dadas,rostos sérios,meninos e meninas caminham devagar.
a mulher chega à janela,o padeiro corre até a esquina,portas e janelas se abrem.
Blusas brancas,os meninos param,ante o portão de ferro.
Um a um deixam flores no muro da escola.
O vigia chora.
Voltam em silencio,cruzam a rua ,somem na curva.
Ali,no fim da esquina,o dia enfim pode continuar.
u2-iF GOD WILL SEND US ANGELS
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