segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Mulher de água

Para as mulheres de água que eu amo e para aquela que eu tento ser, todos os dias. Mulher de água. Rio. Mar. Tempestade. Fluxo de vida por entre as pedras do chão. Sangue e carne. Pele e ossos. Viver que se estende no movimento das asas em voo solo. Pés esticados para alcançar o próprio mundo. Fluir intenso. Grito preso na garganta. Respiração Dança solitária em meio ao caos do vento, que desarruma as certezas, que põe ao chão as tuas verdades. Que abre tuas mãos ao novo. Que se arrisca sempre ao encantamento, ao inescapável emergir da arte, que rasga teu peito, que te atravessa a carne, em um sentir inesgotável de possibilidades. Que não se cansa de buscar a si mesma e de entregar-se continuamente ao amor e à vida e morrer para renascer ali adiante. Sempre outra sem deixar de ser a mesma. Poesia e dor. Caos e tempestade. Calmaria de tuas páginas escritas a sangue, com teus punhos cerrados diante das lágrimas de tuas perdas Chora. Sente. Ama. Grita Que tuas amarras de afeto não te prendam as pernas, quando te for necessário correr. Que tua voz nunca se cale diante de tudo que te fere, que te interdita o prazer, que te faz tremer de raiva e de medo. Não deixa que te aprisionem em uma confortável prisão de certezas, na calmaria superficial de ser espelho, tu que é esfinge diante de si mesma. Ousa ser apenas e somente teu próprio universo interior Mergulha no teu sentir infinito, imenso, inesgotável. E voa

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