quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O corpo ainda pulsa

O corpo ainda pulsa
Sob camadas de pele o corpo ainda pulsa.
Protegido nos véus das máscaras e tintas, o corpo ainda resiste.
Dilacerado por milhares de enquadramentos,o corpo ainda deseja e se abre em convite.
Ao corpo não cabem dúvidas ou vergonha.
Ele é. Absoluto e desejante. Existe e basta.
Não tem tamanho ou proporção exata.
Gênero ou formato adequado.
Só potência e vontade.
Se tentam limitá-lo, o corpo escorrega por entre as coxias,desaparece num átimo e ressurge,lépido e faceiro,segundos depois."Aqui estou", ele diz."Aturem-me!"
E prossegue,a descoberto,mesmo ante tantas camadas de roupa.
Por baixo de tudo, os poros permanecem abertos e a pele convida ao toque, à revelia de regras e linguagens.
De que servem os símbolos,diz o corpo,se já sou movimento e transgressão?
De que me serve a moral, se permaneço incógnita aos que tentam me decifrar?
Sou, antes de tudo,potência e,ainda que tentem,ao menor descuido me lanço ao espaço,ergo meus braços e espicho minhas pernas, tentando alcançar o infinito.

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