Into the pub
Na calçada vazia o porteiro ergue as correntes do chão, dividindo espaços público e privado, afinal de contas é preciso proteger o capital. As garçonetes, sonolentas, vão chegando uma a uma e passando pela entrada, sem notar a reluzente placa que identifica o lugar. Vão chegando os primeiros clientes e se deparam com paredes envelhecidas, madeira que se estende pelo teto, dividindo espaço com artefatos antigos que hoje têm o pomposo nome de “retrô”. No canto, algumas capas de discos registram que Elvis, o Rei, ainda não morreu e nas colunas que sustentam o estabelecimento, há moças e rapazes sambando em tinta, erguidos em quadros coloridos que dividem espaço com bandeiras e brasões. Não há dúvida de que se esta num pub, dos que guardam a atmosfera caótica das sextas-feiras e cuja cartela de etílicos sustenta nomes dos mais diversos países. No fundo, absoluta, está ela, a Juke Box, rolando um dance 90´s despretensioso. Nas mesas altas e redondas as bolsas se acumulam e os cotovelos dividem espaço com os primeiros copos. O salão ainda está vazio, mas as garçonetes já se movimentam, serelepes, cada qual com sua blusa colorida e um jeito descolado de estar em casa. É hora do brinde e os drinks coloridos chegam inúmeros e enormes, esculturas de gelo, álcool e frutas, erguidos em saudação ao início do fim de semana. Lá fora, a fila começa e é com alegria que cada grupo chega.
Em poucos minutos as mesas começam a ser ocupadas por grupos diversos, casais, amigos de faculdade, trabalhadores e meninas, muitas meninas, soltos os cabelos e o riso sob os sapatos dos mais variados tipos.Vê-se gente de todas as formas se espalhando no salão e abraçando os amigos, como uma festa combinada, sem motivo aparente, como se o simples fato de ser sexta-feira e estarem juntos fosse motivo para uma sensação irresponsável e deliciosa de estar vivo e dançar . Em algum momento, o salão vai estar lotado e as câmeras e celulares vão espocar em flashes de cada detalhe: o balcão de madeira, as luminárias de baldes de cerveja, o presente que se ganhou. E cada um que chega se espreme entre as mesas para encontrar seu grupo e fazer parte da festa, mesmo que seja em pé. Os copos já se acumulam nas mesas, junto com as cestas de batatas-fritas e as garçonetes correm, frenéticas, levando e trazendo cardápios, se esgueirando pelas mesas e passando por debaixo dos balcões, suas blusas como manchas coloridas que se deslocam com velocidade pelo pub mal iluminado. Em cada rosto há um ar de festa e as fotos agora são uma constante, ritmadas pela batida da musica que toca constantemente da juke Box, até o momento da chegada do DJ. Ele adentra o espaço discretamente e se coloca ao lado do som, aguardando pacientemente o final da música para começar seu set. A seu comando, as conversas se tornam mais esparsas e vozes e braços se erguem no ritmo da música. Nada combinado. É somente o fato de estarem ali, compartilhando a experiência que faz a todos felizes, cantando músicas novas e antigas, sob a luz esparsa do lugar. Os minutos correm e já não há pressa, afinal o fim de semana se instalou sorrateiramente por entre as mesas e a única preocupação é encontrar as coloridas garçonetes e pedir mais um drink. A sexta-feira, inevitavelmente, merece ser comemorada,em prosa,verso e álcool.
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