sexta-feira, 28 de agosto de 2020
sobre as artes do corpo
Que a pintura seja uma técnica é verdade.Que a fotografia seja uma técnica, também. Mas que técnica encerra o sutil movimento do corpo, contorcendo-se um um gesto extremo,desesperado, que não há técnica que possa apreender?ou linguagem que consiga explicar? No delicado deslocamento de corpos e braços há uma essência tão profunda do humano em toda sua fragilidade. E potência. Assim as artes do corpo, a dança, o teatro e a música que vem apenas da voz não ignoram o suporte da técnica,mas encarnam um outro lugar, de viver e ser, onde o corpo é a superfície de inscrição de movimentos e a pele é a membrana que cria o encontro entre o eu e o mundo. Na essência de ser arte, que se respira e sente, na simplicidade de estar nu diante da própria expressão, na dor de ter as mãos vazias diante de si e do mundo e de ter apenas suas próprias emoções para mergulhar no ato de criação reside o mistério profundo da arte. Expressão de si, dores e paixão, fragilidade e sensível porque nada mais temos, nós que oferecemos nossos corpos,pele e ossos, sangue, lágrimas e êxtase na inescapável trajetória de ser arte porque é nesse lugar onde percebemos que não há caminho possível além da entrega e a única palavra que se pode dizer é sim.
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