sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Da incomunicabilidade
Da linha tênue entre a comunicação total e a incomunicabilidade
Onde há uma relação muito forte de amor e ódio
O silêncio é o ponto do qual não se pode passar.
Processo de profunda depuração de si, na indizível solidão.
Apenas amor,não mais.
Mesmo que sufocado por camadas de densos questionamentos e medo.
A dor convida à inércia e à boca que cala, antes,onde se escondem os porquês.
A materialidade das conversas se dilui em nada ,frente a ação do tempo.
Um segundo e já se poe em curso a engrenagem do mundo, compelindo ao afastamento.
Dor,lágrimas e as mãos fechadas, no discurso do não.
Antes fora o diálogo, o exercício do dois, e as palavras são conceitos em conjunto,construídos a cada dia.
Onde se busca a saída ,o túnel profundo e negro da incomunicabilidade persiste a amarrar as pernas, maciçamente.
A linguagem se faz ausente e o exercício da persistência conduz ao não pensar,não viver
na ânsia de atravessar a pé o caminho das horas que o relógio insiste em mostrar.
Não.
Mas é onde a manifestação do concreto não subsiste,
Que a subjetividade encontra lugar,no terreno dos sonhos.
Levando os passos ao encontro de si mesmo, onde ficou a dor.
Ela ainda está ali, em franca latência e os fragmentos de vozes e fatos espalhados no chão.
Onde as lembranças encontram lugar.
São casas sem muros onde o incerto habita e as mãos não tocam o real ,
no estreito intervalo de um silêncio em que reside o afeto, contrário à toda lógica.
Na tênue penumbra, inexplicavelmente intocável, inacessível a olhos estranhos.
Suas palavras,impronunciáveis, seus conceitos,desprovidos de razão, apenas existem e é tudo.
É voz sem som, toque sem mãos,visão que atinge a inesperada escuridão.
Sua descoberta incita a fuga, pela breve constatação da fragilidade.
Mas o olhar que o contempla já não pode mais voltar o rosto,
Irremediavelmente atraído por sua força.
É preciso caminhar,é preciso caminhar depressa, ao ponto onde tudo começou, por-se face a face com o não
e respirar profundamente.
o retorno e o silêncio que ali estão são a única e indecifrável certeza.
Ele é o inégavel componente do diálogo e a única forma de constituir-lhe linguagem é não ter medo.
Falar não é preciso, sentir é essencial para tocar o infinito.
Tudo o mais, apenas supérfluo adorno, não mais.
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