quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Sobre o silêncio
Entre dois fatos existe um outro,
Semi escondido entre verdades veladas
De um tempo que ainda não existe.
É o sopro da respiração, longa, profundamente,
Inspirando o ar que invade o peito e que compele à vida, sempre.
É a reflexão dos sentidos no interior de si mesmo, onde nada mais há...
Ao redor todas as suas certezas, jazem pelo chão.
Chega o tempo da maturidade,
Onde tuas bandeiras se rasgam ao toque e tuas roupas já não servem mais...
Tuas máscaras de cena, teu sorriso propositadamente exposto,
Nada disso servirá
És apenas tu que em silêncio permanece no escuro de tua contemplação.
Que vida pode ter
E que vida deste a ti mesmo, em teu esforço desmedido
De abarcar o sol com tuas mãos?
Tuas asas derreteram ao calor
E resta-te na areia a contemplar tuas derrotas
Que o mar ainda não levou...
Antes eras todo certeza
E tuas paixões te moviam
Ao mesmo passo que hoje paralisam tuas pernas...
Restou o vento a soprar, perene
E o sol a convidar a um passeio.
Nesse tempo, restou a vontade
De arriscar-se num mergulho ao infinito
Embora saibas que já podes se machucar na queda
E que as feridas talvez possam não se curar jamais...
Teus olhos já enxergam o invisível
E já podes perceber atrás das máscaras
O universo particular de cada um.
Já não há tantas cores em cada rosto
Mas as nuances de luz e sombra são infinitamente mais belas.
Para.
Escuta.
A verdade reside no silêncio
Das palavras que não vais ouvir.
Não é necessário.
As mãos se estendem
Sem que nada seja preciso dizer.
Olha, contempla teus companheiros.
Estão sós, mas ainda podem sorrir
E tenha como certo que o farão
Assim que pararem de mirar o sol e voltarem seus rostos a si mesmos
E isso não tardará.
Logo virá a maturidade, o tempo finito da vivência humana
E perceberão que não são mais os heróis de antes.
Podem muito menos do que imaginaram
No entanto ainda sabem sonhar.
São belos em seus devaneios,
Os corpos voltados a gestos largos, as mãos estendidas ao infinito,
A cabeça erguida, as vozes a entoarem longos discursos vazios.
O sentido de tudo reside longe da mera contemplação do belo e forte de suas vivências,
Mas na fragilidade de seus silêncios.
Embaixo de toda a tinta de sua maquiagem
E das vestes que os protegem, estão nus e desprotegidos
E não há meio de fazê-los enxergar.
Espera.
Cada um tem sua própria estrada a caminhar
E não há passo maior que o tempo,
Na maturação do ser.
Espera.
Logo eles também enxergarão o nós.
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