sábado, 7 de novembro de 2015

Tudo que eu queria te dizer

Compartilho seu medo. Também me sinto sem pele. Também eu me sinto reconectar, quando sinto a sua presença. Também eu sinto dor. E fujo Mas a fuga se dá devido ao fato (falso), de que há o afastamento. Hoje me dou conta de que isso é impossível. pois seu lugar permanente é aqui dentro. Tuas palavras, nosso tempo, todas as dores, está tudo aqui. Impossível separar o que sou eu ou o que é você. A cada tentativa, pensei que iria morrer. E de fato devo,em alguma medida, ter morrido.A intensidade do encontro foi tal que me fundiu a você, fazendo com que mergulhasse no mais fundo de minha alma, fazendo-a sua.Mas o que eu ignorava,é que ela não deixava de ser minha, posto que misturados estamos desde sempre,desde o instante em que nos tocamos pela primeira vez,atravessando todas as barreiras de tempo e espaço.A força do vivido foi tamanha que quase me destruiu. E então sua ausência. E a dor,infinita,através dos anos.De repente, carne,ossos e pele estavam dilacerados pela inevitabilidade da tua falta e me restava caminhar sozinha,achava eu.Em desespero,busquei o mundo,os outros,o conhecimento aprofundado sobre as pessoas e o tempo, tentando aplacar a falta que você me fez. Em vão. Corajosamente, te busquei novamente e nossos corpos uniram-se, passo que nossas almas já o estivessem. E, de novo, a separação. Vi-me despencando no chão.Em vão te chamei, mas você não ouviu. E quando eu pensava que definitivamente tinha arrancado você de mim, você voltou, agora pelas suas próprias pernas, para me falar da grandeza do encontro para você também. Não pude evitar.Rompi todas as promessas que havia feito para mim mesma e me enchi de esperança.Era incrível como tudo parecia fazer sentido e o universo se abria misteriosamente diante de meus olhos. E de novo, como era de se esperar, você foi embora, eu achava. A dor novamente me dilacerou e, diante dos destroços, chorei por um tempo que me pareceu infinito. Súbito, meses depois, diante de um breve silêncio do cotidiano, a verdade me invadiu, com uma força inesperada: você não fora embora,nunca. Sempre esteve e sempre estaria aqui, fundido ao que sou, a tudo que sinto e que vivo. Mais do que corpos, somos duas almas que se fundiram, no intervalo que tempo e espaço abriram. tentar separar cada um é matar ambas as partes.não há saída. Assim, em minha busca por mim mesma é preciso aceitar que estarei inevitavelmente me deparando com você. Em cada gesto, cada ideia, cada palavra escrita, buscarei você,posto que sua essência já faz parte de mim.tentar fugir é negar a mim mesma, morrer em vida, deixar de respirar. Assim, talvez, a condição necessária de nosso caminhar seja que estejamos inevitavelmente separados um do outro para que tenhamos espaço para poder crescer. E talvez um dia, numa das curvas do acaso, quando estender minhas mãos, seu corpo possa estar de novo perto do meu. Por hora, me basta saber que está aqui, dentro de tudo que sou e sinto, sem que exista explicação possível para isso.Eu sinto.E essa verdade me põe,irremediavelmente,de mãos dadas com você. Por isso, meu amor, entenda que a separação de fato não existe e que não nada nem ninguém que possa ocupar o lugar que é seu, posto que seja daqui de dentro de mim que permito que você veja o que sou. Enquanto tempo e espaço constroem o cotidiano,aqui dentro seguiremos, imponderavelmente juntos. Com todo o meu amor,

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