domingo, 1 de fevereiro de 2015

as melhores coisas do mundo

Tem quem sinta falta da infância..
Eu sinto falta da adolescência, quando o bullying não pegava mais.
e os amigos estavam ali o tempo todo..
De quando nada era mais importante do que estar junto, de quando as palavras precisavam ser ditas porque eram sentidas...
De ter as mãos vazias e o coração cheio de momentos e palavras
de buscar estrelas,
de esperar chover,
de passar a tarde decorando uma letra de musica, só pra saber...
De passar um dia inteiro sem falar com um amigo e ser muito...
de guardar fotos como quem guarda um tesouro
de não ter medo de amar ninguém...
de se encantar em conhecer gente nova, que fala diferente, vive diferente e gosta da gente ainda assim..
.. E hoje?
Hoje há momentos, há fotos e há palavras..
só não há gente.
Estamos todos atrás de nós mesmos, de nosso cotidiano, de nossas horas, de nosso momento de gloria, de nosso status pessoal, de nossas telas luminosas
Ficamos silenciosos e desconfiados.
Os encontros, que eram espontâneos, agora precisam ser marcados com antecedência de meses.
Viajamos pra longe, moramos longe, estamos longe de tudo e de nossa própria vontade de estar mais perto.
Os amigos estão ali, no primeiro clique. Não damos um passo.
Ficamos no raso, no igual,no mesmo.
Precisamos de afinidades, coincidências, marcações, compromissos.
De vez em quando, uma saudade maior ou o acaso promove o encontro.
Que felicidade, que coisa boa, quantos abraços.
Falamos da vida, lembramos os mortos, trocamos brindes.
Súbito, queremos mais... E então vem os "nãos".Hoje não,amanhã não,talvez em seis meses.
Nas folhas da agenda, esquecemos-nos do encontro, ficamos no "se".
Nossos afetos estão ali, virtualmente presentes, esperando que as engrenagens se encarreguem de promover novamente o encontro....
Enquanto isso o tempo, invariavelmente, passa...
E nossos momentos se tornaram um intenso emaranhado de reticências pontuadas por discursos exitosos..
.Não temos dúvidas, não temos medo, perdemos a capacidade de rir de nós mesmos..
Fizemo-nos desconfiados. Somos sujeitos sérios,afinal.
e infinitamente sós.

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