sábado, 25 de outubro de 2008

De um novo começo...

A hora do cansaço
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.



Carlos Drummond de Andrade

ps: Porque uma nova página sempre é indicio de um desejo de mudança...
É preciso dar nova roupagem ao pensamento, para que este indique uma forma outra de sentir..ou senão, ainda assim um caminho diverso do atual..Ainda que o desconhecido seja assustador, é preciso,mais que nunca,prosseguir...

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