quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Comunicare III

Dança. Movimento que cria Espaço entre. Dois corpos, notas que soam Vida. Respiração. Tecido e peles. No tear da vida. À espera do ritmo certo, da cadência perfeita, do instante exato. E então o imprevisível, salto no escuro, estendendo a mão sem medo, ousando ser encontro. Ossos. Músculos. Imponderável. Caminho. Fluxo de vida. Chão do palco. Poeira e suor. Morte e Vida. Desvio. De quantas formas é possível existir e reexistir? Em tempos de morte, ainda é possível reaprender a voar? Qual a comunicação necessária, no espaço da dança, quando as palavras se tornam desnecessárias? Nenhuma frase, construída às pressas, verbos adjetivos, pronomes, conceitos e ciência pode definir o instante de silêncio que se prolonga ao infinito, na nota que ainda vibra na pele, no contato das mãos, pernas enlaçadas, par. Contradança. Ser um para ser múltiplo Mover-se mundo afora, Riscando o chão cotidiano, que se constrói e de sim e de não, de corpo que pulsa, gesto que fala, à revelia do discurso. Nos atravessamentos da estrada, Em mar e fogo, Prosa que se faz poesia, Mãos que acolhem, rumo de desvios, De curvas, do girar da saia, Do pulso que conduz, dos olhos que prendem no instante de som e silêncio. . Que importa o tempo breve, os passos incertos, as dores do mundo, a duração da canção? Aqui dentro, só há espaço para o sim, ousando ser vida, até o limite, infinitamente.

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