domingo, 24 de maio de 2020
Comunicare (versão II)
Comunicare
Dança. Movimento que cria. Espaço entre. Dois corpos , notas que soam e uma vida inteira à espera do ritmo certo, da cadência perfeita, do instante exato. E então o imprevisível.Subitamente, você. Estendendo a mão sem medo, ousando ser Nós, quando o mundo insiste em ser Eu.Imponderável que atravessa o caminho, desvia e reorienta a rota, propondo uma outra canção. De quantas formas é possível alcançar alguém?Como é possível dizer eu te amo, sem pronunciar nenhum som?Em tempos de morte, ainda é possível reaprender a voar? Qual a comunicação necessária, no espaço do encontro, quando as palavras se tornam supérfluas? Nenhuma frase, construída às pressas, verbos adjetivos, pronomes, como definir o instante de silêncio que se prolonga ao infinito, na nota que ainda vibra na pele, no contato das nossas mãos, pernas enlaçadas, par. Tua boca na minha, nós dois. Contradança. Ser um e outro, dança mundo afora, riscando o chão da nossa sala, cotidiano que se constrói e de sim e de não, de corpo que pulsa, gesto que fala, à revelia do discurso.Você.Nos atravessamentos da estrada, em mar e fogo, prosa que se faz poesia, mãos que me acolhem, rumo de desvios, de curvas, do girar da saia, do pulso que conduz, dos olhos que prendem no instante de som e silêncio.Ser mulher para ser tua.Como nunca antes. Como tinha de ser. Que importa o tempo breve, os passos incertos, as dores do mundo, a duração da canção?Aqui dentro, só há espaço para o sim, ousando ser vida, até o limite, infinitamente.Amor
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